A presidente Dilma Rousseff se reuniu na última semana no Palácio do Planalto, com empresários de várias áreas para anunciar medidas de apoio à indústria e tentar aproximação política com um dos setores mais críticos da política econômica de seu governo, cada vez mais atraído pelos candidatos de oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Na reunião do Fórum Nacional da Indústria, transferida da sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o Palácio do Planalto a pedido de Dilma, a presidente deve atender parte das reivindicações feitas pelo setor produtivo no fim de maio. E também sinalizar com medidas futuras, sugerindo um eventual apoio à sua reeleição, conforme antecipou o jornal Folha de S.Paulo.
Dilma deve ainda anunciar alterações no chamado Refis, reduzindo o "pedágio" para adesão ao programa de refinanciamento de dívidas fiscais, além de comunicar a retomada do programa de devolução de parte dos impostos pagos por exportadores (Reintegra), apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Também é previsto o anúncio da extensão, até o fim de 2015, do Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), criado em 2009 para conter a crise financeira global, que já desembolsou R$ 283 bilhões até abril deste ano com juros subsidiados pelo Tesouro. Além de criar uma linha de financiamento à renovação do parque fabril.
Parte dessas medidas entrariam em vigor em 2015, o que selaria um pacto do governo com empresários satisfeitos. Há três semanas, Dilma anunciou a manutenção da desoneração da folha de pagamentos para 56 setores, o que deve custar R$ 21,6 bilhões neste ano.
A equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ainda trabalhava na tarde de ontem nos últimos detalhes das medidas. "Vão ser anunciadas amanhã (hoje). Não posso adiantar nada. Ainda estamos elaborando as medidas", disse ao chegar ao Ministério da Fazenda.
No radar, está ainda o adiamento, e até a alteração, da chamada Norma Reguladora 12, que elevou de 40 para 340 os itens obrigatórios de segurança para fabricantes e usuários de maquinários novos e usados. O impacto é estimado em R$ 100 bilhões pela CNI nos segmentos metalomecânico, plástico, construção civil e alimentício.
O governo prepara, segundo uma fonte envolvida nas discussões, uma melhoria nas condições para adesão ao Refis. Os empresários querem reduzir a 5% do valor da dívida a entrada única exigida para aderir ao programa. Dilma estava disposta a atender ao pedido, como informou o Estado no fim de maio. O governo, entretanto, pode não ceder completamente na redução das alíquotas de 10% até R$ 1 milhão e 20% acima de R$ 1 milhão. Esses índices já foram aprovados no Congresso. No fim de maio, Mantega informou que a Receita avaliaria o pedido.
Em 2013, o governo arrecadou R$ 21,8 bilhões com a reabertura do Refis da crise e a renegociação de dívidas fiscais de bancos e multinacionais brasileiras no exterior. Este ano, outros R$ 12,5 bilhões do Refis devem engordar os cofres públicos.
O governo deve colocar o reintegra como opção a ser acionada "quando houver necessidade e espaço fiscal", segundo a fonte. Nas condições anteriores, o programa devolvia às empresas exportadoras 3% do faturamento com a exportação de manufaturados. Em 2013, custou R$ 3 bilhões.
Agronegócio. Além do aumento, de 25% para 26%, na mistura de etanol na gasolina, o governo prepara outras medidas para o setor sucroalcooleiro. Uma delas é a inclusão no Programa para Construção e Ampliação de Armazéns, orçado em R$ 25 bilhões e disponível apenas a produtores de grãos, como milho e soja, que podem obter até R$ 10 milhões a juros de 4,5% ao ano. O governo estuda também um reforço no programa Inovar-Auto para incentivar as montadoras a melhorar o desempenho do etanol.
Fonte: Estadão