As principais tendências tecnológicas que impactarão o mercado de automação nos próximos anos foram apresentadas na semana passada, durante a 4ª Conferência Internacional Brasil em Código, em São Paulo. O evento reuniu líderes de grandes empresas nacionais, autoridades e executivos, que puderam saber mais sobre a importância de adotar o padrão de identificação e codificação para aumentar a eficiência na cadeia de suprimentos, assim como sua utilização em outros setores, como o farmacêutico.
Organizado pela Associação Brasileira de Automação - GS1, o evento tinha como principal objetivo promover o debate e mostrar alguns resultados eficientes em países como Argentina e México. O diretor executivo da GS1 México, Mario De Agüero, apresentou um sistema chamado Syncfonía, um catálogo Eletrônico, capaz de sincronizar diversos dados como pesos, medidas e até fotos, aumentando a confiabilidade do produto, ao ser adquirido pelo consumidor.
Agüero disse que sete cadeias, como os setores de higiene e beleza, já utilizam o catálogo eletrônico, mas o desafio é implementar o sistema no setor de vestuário e farmacêutico. “Já temos mais de 400 mil produtos que fazem parte do sistema e mais de 4 mil empresas já perceberam o que essa ferramenta é capaz de fazer. Não é só um projeto de tecnologia, e sim, um negócio, pois acaba as deficiências”, frisou.
Enquanto o México se organiza para implementar o serviço de identificação e rastreabilidade de medicamentos, nossa vizinha Argentina, está passos à frente, na automação da indústria farmacêutica. De acordo com o diretor executivo da GS1 Argentina, Rubén Calónico, desde 2011 o governo decretou a traçabilidade de medicamentos. “A princípio começamos rastreando produtos mais complexos como medicamentos para doenças crônicas e retrovirais. Mas, atualmente, já temos mais 3.700 medicamentos cadastrados e rastreados através do sistema de automação de código de barra”, ressaltou Calónico.
E entre os principais benefícios alcançados, Calónico destacou o melhor controle nos despachos e maior confiança do consumidor, já que o mesmo passa a ter informações mais visíveis do processo de elaboração, armazenamento, transporte e distribuição. “Nosso consumidor está seguro. Ele sabe que pode adquirir medicamentos e produtos como próteses mamárias, marca-passos, lentes de contato, entre outros produtos, livres de falsificação ou de roubo”.
Outros pontos positivos da rastreabilidade farmacêutica, segundo o executivo, é a redução das perdas dos produtos, já que a validade está sobe maior controle. “Já rastreamos mais de 258 milhões de produtos, sem a necessidade de fazer recall”, garantiu, acrescentando que mais de 10 mil fábricas e 242 laboratórios já utilizam o sistema de automação. Calónico revelou também que o governo argentino deverá ampliar o uso do sistema de rastreabilidade para controlar produtos veterinários, fitoterápicos, carnes e pescados.
Ele disse ainda que as indústrias farmacêuticas estão realizando testes para rastrear os medicamentos por meio do sistema RFID (identificação por radiofrequência), tecnologia de armazenamento e captura de dados, baseada no uso de ondas de rádio. Esse tipo de identificação permite a leitura simultânea de um grande volume de unidades, já que a radiofrequência atravessa as embalagens. “A traçabilidade de medicamentos nos permite rastrear cada movimento de um determinado item, em diferentes fases da cadeia, possibilitando acompanhar todo o processo, desde a origem, aplicação e localização”, explicou.
No Brasil, no que diz respeito ao rastreamento de medicamentos, os fabricantes tem até dezembro de 2016 para se ajustar a resolução RDC 54, da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estabelece as regras para implementação do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM) e rastreabilidade desses itens, desde a produção até o usuário final.
Retranca
Mesmo atuando com o e-commerce desde 1999, a rede Magazine Luiza, está apostando suas fichas na tendência do mercado de varejo que é Omni-Channel, quando diversas opções de venda são oferecidas ao cliente, de acordo com a sua conveniência. O novo conceito elimina diferenças entre lojas físicas ou lojas online, ou seja, o cliente conhece o produto na internet e compra na loja física, ou e vice-versa.
E para acompanhar essa mudança de comportamento na hora da compra, varejistas estão investindo em tecnologia e softwares. Muitas delas estão mudando até sua estratégia de comunicação. De acordo com o diretor de Logística e Serviços da Magazine Luiza, Ricardo Ruiz Rodrigues, o consumidor omni-channel usa todos os canais simultaneamente e as empresas precisam acompanhar os clientes em todos os canais. “O consumidor está mais exigente e mais informado e os funcionários precisam ser treinados e bem informados sobres os produtos. É preciso tonar a experiência do cliente a melhor possível para que ele fique satisfeito e volte a comprar”, frisou.
Ele disse que a empresa está se adequando a este novo modelo de serviço e capacitando funcionários para buscar a melhor forma de atender o cliente. “É preciso ter produtos de qualidade, funcionários cordiais, simpáticos e bem informados. Tudo isso aliado a pluraridade de sistemas, pode-se aumentar ainda mais as vendas”, disse Rodrigues. Por dia, segundo o executivo, são entregues em todo o país, entre 50 e 80 mil itens.
Segundo uma pesquisa realizada pela Deloitte nos Estados Unidos, 42% dos consumidores já usaram smartphones para apoio em compras de vestuário e 48% em compras de eletrônicos. Para os varejistas, o maior desafio é acompanhar todos os canais disponíveis e trabalhar de forma coordenada, prevendo a integração de processos como logística, armazenamento, distribuição, atendimento ao cliente, banco de dados e marketing.
GS1 inaugura centro de inovação
Com o objetivo de ampliar o número de associados, que hoje somam mais de 57 mil no país, a Associação Brasileira de Automação GS1, inaugurou, em maio deste ano o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), com equipamentos e sistemas montados, que demonstram automação desde os processos produtivos até a venda no varejo, passando pelo armazenamento robotizado, práticas de rastreabilidade, identificação de produtos por radiofreqüência, entre outras soluções.
O espaço possui equipamentos capazes de demonstrar soluções suportadas por tecnologias e padrões como código de barras, código GS1 DataMatrix, código GS1 DataBar e EPC/RFDI (solução de identificação por radiofrequência). Em meio a tantos aparelhos de ponta, destaque também para o armário refrigerado para gestão de medicamentos e produtos que necessitam de monitoramento constante. Uma tela instalada na porta permite acompanhar o estoque em tempo real, monitorando diversas informações como lote, data de validade, data de entrada e saída dos produtos, controle de acesso dos usuários e a temperatura e umidade dos produtos que estão no seu interior.
Benefícios
De acordo com o presidente da GS1 no Brasil, João Carlos de Oliveira, o principal objetivo do centro é facilitar a compreensão do visitante, fazendo com que ele perceba que, utilizando os padrões de automação por código de barra, sua empresa ganhará não só benefícios de controle de mercadoria, mas também aumenta suas chances de vendas e até de exportar seus produtos. “É possível ver diferentes soluções, capazes de facilitar as operações da indústria, do varejo e a movimentação logística”, ressaltou o presidente da instituição.
Fonte: Jornal do Comércio