Sob a ótica do consumidor, o supermercado do futuro não será muito diferente do que é hoje e, tampouco, do que foi há uma ou duas décadas. O que mudará, na visão dos especialistas, é a forma como as redes passarão a administrar seus negócios, tendo por foco o novo comportamento de compra das pessoas, sua interação via redes sociais e suas necessidades de conveniência e busca de uma vida mais sustentável e saudável.
"Há varejos, como o de música e eletrônico, que sofreram uma forte mudança nos últimos tempos; alguns foram extintos do mercado, enquanto o alimentar se modernizou, mas não se transformou radicalmente", afirma Alberto Serrentino, da Varese Retail, consultoria especializada em varejo. "Tanto que há exemplos de cadeias alimentares europeias, com alta rentabilidade, que continuam operando como empresas familiares e sem grande apelo de modernidade."
Segundo o consultor, não há uma receita única de supermercado do futuro, mas, sim, formatos de negócios que tendem a crescer. Desde o on-line até modelos híbridos, que permitem a compra pela tela e retirada em pontos físicos, passando pelas lojas de vizinhança, com mix inteligente de produtos para atender famílias menores e compras rápidas; o varejo de baixo custo, que aposta em preços baixos e, na outra ponta, o varejo alimentar gourmet, que oferece comida pronta sofisticada, produtos premium, com área para consumo. "As pessoas frequentarão todos, dependendo da necessidade e do momento da compra", afirma Serrentino.
Em todos os modelos, porém, a tecnologia se apresenta como uma ferramenta de conhecimento do próprio cliente e de gestão do negócio, além de ingrediente importante para que se conheça a origem de cada produto e todos os elos da cadeia. É com o propósito de tornar a experiência de compra o grande diferencial competitivo do mercado que a Associação Brasileira de Automação (GS1) lança uma série de soluções de automação com uma linguagem única de identificação de produtos e comunicação na cadeia de abastecimento, composta por indústria, distribuidores e varejistas.
"Em São Paulo, o consumidor já experimenta a compra por sistemas de identificação por radiofrequência (RFID), tecnologia que dispensa a leitura individual das mercadorias no momento do check out e permite a leitura de vários itens já identificados com etiquetas inteligentes", afirma Roberto Matsubayashi, diretor de inovação e alianças estratégicas da GS1. "Embora ainda seja mais adotado pelo varejo de moda, em breve fará parte também do dia a dia dos super e hipermercados como ferramenta de ganho de eficiência e produtividade na frente de caixa, já que na retaguarda já ganhou espaço, sobretudo na gestão de estoques e logística".
Um dos maiores atacadistas e distribuidores de vestuário para bebês e infanto-juvenil do país, a Brascol foi uma das primeiras a adotar a tecnologia. Diante de um grande número de itens e volume de vendas, que gerava espera de 60 minutos para o check out de cada cliente, a empresa instalou um portal com antenas RFID que faz a leitura de todas as etiquetas embutidas nas peças ao mesmo tempo. Segundo a Brascol, o tempo de venda para uma compra de 300 itens caiu para 20 minutos, aumentando o fluxo de compradores, atraídos pela forma eficiente de compra e venda.
A ferramenta mais recente é o GS1 DataBar, que fornece dados como a origem da mercadoria, a data de validade, informações sobre o fabricante, entre outros itens que garantem a segurança de compra e venda de produtos, além de reforçar o relacionamento do consumidor com o estabelecimento que ganha credibilidade e confiança do serviço prestado.
"Um dos grandes diferenciais é que a ferramenta bloqueia a venda de produto vencido no caixa, permitindo a segurança do consumo do alimento e do próprio varejo, que vende o produto correto", diz Matsubayashi. "O objetivo é dar maior produtividade nos itens perecíveis, ajudando em operações de reposição e no check out."
Fonte: Valor Econômico