A otimização de custos é a principal razão para as empresas brasileiras adotarem a computação em nuvem, seguida pela oportunidade de inovação e o aumento de produtividade, informa pesquisa da consultoria Capgemini obtida com exclusividade pelo Valor. Apesar de certa preocupação com segurança, o modelo de armazenamento de arquivos de informática deixou de ser uma tendência para integrar uma estratégia de negócio das empresas brasileiras.
O levantamento foi realizado entre os meses de março e abril com 415 executivos de tecnologia de médias e grandes companhias públicas e privadas brasileiras, dos setores de consumo, varejo, energia, financeiro, manufatura e governamental.
Entre os entrevistados, 73% utilizam o "software como serviço", modelo em que se paga um valor periódico somente por recursos utilizados ou pelo tempo de uso; em dois anos, 92% dos executivos consultados esperam ter adotado este padrão. A "infraestruturacomo serviço", em que a nuvem é usada como data center, e a "plataforma como serviço", que aloca os recursos da nuvem para desenvolvimento e testes de sistemas, foram escolhidas por 55% e 39% dos entrevistados, respectivamente, mas tendem a ganhar espaço nos próximos anos, segundo o estudo.
"A etapa de gestação para a nuvem no Brasil terminou e vemos evidências de que o país está adotando com entusiasmo muitas das oportunidades oferecidas, para responder aos desafios da desaceleração no crescimento econômico e das pressões de custos", diz a pesquisa da Capgemini. Na visão de executivos consultados, o curto a médio prazo deve ser um período de adoção sustentável da tecnologia em nuvem e de uso em diferentes áreas.
A consultoria Gartner estima que, neste ano, as companhias gastarão US$ 13,3 bilhões com investimentos na tecnologia em nuvem, um aumento de 45% sobre o ano passado. O valor corresponde a menos de 10% dos gastos com data centers.
A percepção de risco, relacionada a possíveis falhas de segurança e a soberania da informação, continua a ser o maior impedimento para a adesão à nuvem. "O brasileiro tem um perfil mais conservador", diz Gustavo Trevisan, diretor da unidade de soluções integradas da Capgemini. "As empresas buscam aproveitar as vantagens da computação em nuvem com um balanceamento de modelos."
A pesquisa da Capgemini revela a migração da nuvem pública para um modelo híbrido a longo prazo no Brasil. Até 2019, a estimativa é de que a nuvem privada seja a preferência de 75% dos entrevistados, deixando o modelo público "puro" como escolha de apenas 17%.
Hoje, companhias menores tendem a usar a nuvem pública, enquanto empresas médias e grandes preferem modelos híbridos, para evitar riscos.
A nuvem está alinhada a estratégias de menor risco diante da desaceleração econômica. As empresas brasileiras, que inicialmente haviam ficado atrás de companhias americanas e europeias em termos de adoção do modelo em nuvem, devem ser mais agressivas ao adotar soluções de software como serviço para alcançar mais competitividade e eficiência operacionais.
"Quando o cenário econômico é incerto, as empresas evitam os investimentos de longo prazo. A nuvem oferece os mesmos recursos que os equipamentos tradicionais, por um valor correspondente a apenas o que foi, de fato, utilizado", explica Trevisan.
A pesquisa mostrou também que mais de 70% das companhias consultadas afirmaram ter, ou planejar, um ambiente de aplicativos para funcionários nos próximos dois anos, para melhorar a produtividade. A nuvem seria usada como uma ferramenta para facilitar esta abordagem.
"O debate sobre a chance de migrar para a nuvem e os custos a serem poupados mudou para uma discussão sobre qual o caminho a tomar para acelerar a adoção e quais os benefícios adicionais o novo modelo de negócio em nuvem pode trazer", diz a pesquisa.
Fonte: Valor